quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Os princípios do mercantilismo podem ser resumidos como segue:

Metalismo ou Ditalionismo

O capital é representado pelos metais preciosos que o Estado tem no seu poder. Procurava-se com essa crença evitar a saída de metais preciosos do país. Mais tarde surgiriam outras escolas como o colbertismo (ou "mercantilismo francês") que se inclina para a industrialização; e o comercialismo (ou "mercantilismo britânico") que vê no comércio exterior a fonte da riqueza de um país.
Incentivos às manufacturas
o governo estimulava o desenvolvimento de manufacturas em seus territórios. Como o produto manufacturado era mais caro do que as matérias-primas ou géneros agrícolas, sua exportação era certeza de bons lucros.
Proteccionismo alfandegário
O governo de uma nação deve aplicar uma política proteccionista sobre a sua economia, favorecendo a exportação e desfavorecendo a importação, sobretudo mediante a imposição de tarifas alfandegárias. Incentiva-se, portanto, a balança comercial positiva com outras nações. Eram criados impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior. Era uma forma de estimular a indústria e manufacturas nacionais e também evitar a saída de moedas para outros países.

Balança comercial favorável
O esforço era para exportar mais do que importar, desta forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa situação financeira.

Soma zero
Acredita que o volume global de comércio mundial é inalterável. Os mercantilistas viam o sistema económico como um jogo de soma zero, onde a ganância de uma das partes supunha a perda da outra

Sistema colonial
As colónias europeias deveriam fazer comércio apenas com suas metrópoles. Era uma garantia de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos não encontrados na Europa. Dentro deste contexto histórico ocorreu o ciclo económico do açúcar no Brasil Colonial.

Colónias de exploração
A riqueza de um país está directamente ligada à quantidade de colónias de exploração deste. Internacionalmente, o mercantilismo indirectamente impulsionou muitas das guerras europeias do período, e serviu como causa e fundamento do imperialismo europeu, dado que as grandes potências da Europa lutavam pelo controlo dos mercados disponíveis no mundo. Sob este aspecto, vale salientar que, nas expansões marítimas e comerciais das nações, invadir um caminho percorrido constantemente por um, não poderia ser feito por outro, como no caso da procura pelas Índias Ocidentais. Isto perdurou até que, após o descobrimento da América a Inglaterra decidiu "trilhar" o seu caminho. Portugal e Espanha se mostraram insatisfeitos com o fato, fazendo o rei inglês dizer a célebre frase:

«O sol brilha para todos! E eu desconheço a cláusula do testamento de Adão que dividiu a terra entre portugueses e espanhóis". Assim, a esquadra inglesa toma seu lugar ao sol.»

Comércio colonial monopolizado pela metrópole
As colónias deviam comercializar exclusivamente com sua respectiva metrópole O mercantilismo enquadra-se na Idade da Dita, com a progressiva autonomia da economia frente à moral e a religião bem como frente à política. Esta enorme ruptura realizar-se-á por meio de conselheiros dos governantes e pelos comerciantes. Esta nova disciplina chegará a ser uma verdadeira ciência económica com a fisiocracia. Entre os muitos autores mercantilistas, há que destacar a Martín de Azpilicueta (1492-1586), Tomás de Mercado (1525-1575), Jean Bodin (1530–1596), Antoine de Montchrétien (1576–1621), ou William Petty (1623–1687).

O mercantilismo foi a teoria predominante ao longo de toda a Idade Moderna (do século XVI ao XVIII), época que aproximadamente indica o surgimento da ideia do Estado-nação e a formação económico-social conhecida como Antigo Regime na Europa Ocidental.

O mercantilismo como tal não é uma corrente de pensamento. Marca o final da proeminência da ideologia económica do cristianismo (a crematística), inspirada em Aristóteles e Platão, que recusava a acumulação de riquezas e os empréstimos com interesse (vinculados ao pecado da usura). Esta nova corrente económica surge numa época que os reis desejavam possuir o máximo de ouro possível. As teorias mercantilistas buscavam esse objectivo e desenvolviam uma problemática baseada no enriquecimento. Esta corrente baseia-se num sistema de análise simplificada dos fluxos económicos, na que, por exemplo, não se leva em conta o papel que joga o sistema social. Como agente unificador tendente à criação de um Estado nacional soberano, o mercantilismo teve-se contra duas forças: Uma, mais espiritual e jurídica do que político-económica, foram os poderes universais: a Igreja e o Sacro Império Romano Germânico, a outra, de carácter predominantemente económico foram o particularismo local, com a dificuldade que produz para as comunicações e a sobrevivência da economia natural (em determinadas zonas a renda do Estado eram em espécie e não em dinheiro); enquanto a pretensão mercantilista é que o mercado fechado seja substituído pelo mercado nacional e as mercadorias como medida de valor e meio de câmbio sejam substituídas pelo ouro. O mercantilismo vê a intervenção do Estado como o meio mais eficaz para o desenvolvimento económico.

Outra tendência do mercantilismo era robustecer para o exterior o poder do Estado, subordinando a actividade económica para esse objectivo, e interessando-se pela riqueza enquanto sirva de base para ela. O liberalismo considerará à riqueza como preciosa para o indivíduo e, portanto, digna de ser atingida como fim em si mesmo: se o particular não deve pensar mais que enriquecer-se, é um feito puramente natural e involuntário que a riqueza dos cidadãos contribuía para aumentar a riqueza do Estado. Por outro lado, para os mercantilistas, a riqueza privada é simplesmente um meio, e como tal fica subordinado ao Estado e os seus fins de domínio.

A confiança no mercantilismo começou a decair em finais do século XVIII, quando as teorias de Adam Smith e de outros economistas clássicos foram ganhando favor no Império Britânico, e em menor grau no restante da Europa (excito a Alemanha, em onde a Escola Histórica de Economia foi a mais importante durante todo o século XIX e começos do XX). Adam Smith, que o critica com dureza na sua obra "A riqueza das nações", qualifica o mercantilismo como uma "economia ao serviço do Príncipe".

Curiosamente, e se bem que tinha sido uma antiga colónia britânica, os Estados Unidos da América não se aderiram à economia clássica, senão ao regime económico que foi chamado "escola americana" (uma forma de neo-mercantilismo) através das políticas de Alexander Hamilton, Henry Clay, Abraham Lincoln e pelo qual mais tarde seriam as práticas económicas do Partido Republicano, que pela sua vez reflectiram-se nas políticas dos historicistas alemães e economistas como Friedrich List. Isto durou até ao surgimento do New Deal após a crise de 1929.

Actualmente a teoria do mercantilismo é recusada pela maioria dos economistas, se bem que alguns dos seus elementos sejam ocasionalmente vistos de jeito positivo por alguns, entre os quais cabe citar a Ravi Batra, Pat Choate, Eammon Fingleton, ou Michael Lind.

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